segunda-feira, 17 de outubro de 2011

DOENÇA DE ALZHEIMER PODE TER RELAÇÃO COM DIABETES

Cientistas e médicos já vem associando o Alzheimer ao diabetes tipo 2 durante os últimos 5 anos. Evidências epidemiológicas já indicavam que pacientes com Alzheimer têm maior tendência a ter diabetes tipo 2, porém o que se vem estudando é que o oposto também pode ocorrer. A bióloga e neurocientista Fernanda De Felice, durante estágio nos Estados Unidos, descobriu que os receptores do hormônio insulina nos neurônios são perdidos em pacientes com Alzheimer. Foi então criada a proposta de se tratar neurônios afetados com uma combinação de insulina e rosiglitazona, substâncias empregadas em pacientes com diabetes tipo 2. Esta experiência foi realizada por cientistas brasileiros e americanos, e mostrou efetivamente que este procedimento evita a progressão dos efeitos degenerativos da doença.
Além de contribuir para o processo de obtenção de energia para que o cérebro funcione, a insulina também tem papel importante na formação da memória.
Representação de moléculas de insulina, hormônio que 
pode ter grande participação na Doença de Alzheimer.

Sérgio Ferreira, cientista da UFRJ, explica que em um portador de Alzheimer os neurônios se mostram mais resistentes à insulina e à sua ação benéfica. Isso leva pesquisadores a considerarem a Doença de Alzheimer como um novo tipo de diabetes que afeta apenas o cérebro, chamada diabetes tipo 3.  
 Em doentes com Alzheimer, certas substâncias tóxicas chamadas oligômeros se ligam aos neurônios atuando sobre eles como radicais livres, e levando à perda de suas funções normais. Tratados com insulina e rosiglitasona, os neurônios mantiveram as sinapses preservadas e permaneceram ativos.

À esq., neurônio exposto aos causadores do mal de Alzheimer, com número reduzido de sinapses. À dir., tratamento com insulina protege o neurônio da ação de oligômeros, mantendo suas conexões. 


A partir desta pesquisa cria-se a possibilidade, pela primeira vez, de criação de um medicamento que reverta efetivamente os efeitos iniciais da doença. Mas ainda é cedo para ter certeza, já que as experiências foram feitas em células cultivadas em meio de cultura, é preciso ainda testes em animais e em seguida em seres humanos. Tem que se levar em conta também que a diabetes é uma doença que age em todo o organismo. Queremos é que a insulina atue apenas sobre o cérebro, explica Sergio Ferreira.
Há cerca de um milhão e duzentos mil brasileiros com Alzheimer, e atualmente estes pacientes contam apenas com dois medicamentos: os inibidores de acetilcolinerastase e a memantina, porém nenhum que tenha realmente eficiência.



Referências bibliográficas:
www.diabetenet.com.br
www1.folha.uol.com.br

2 comentários:

  1. Parabéns à Danielle Sousa. O post está muito bom, o assunto é extremamente interessante e o conteúdo super claro. Só pra acrescentar, foi publicado no site da globo que o ex-boxeador Maguila, agora diagnosticado com Alzheimer, tem um quadro clínico de diabetes, só não informaram se é do tipo 2.

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  2. Muito bom e interessante! Bem bioquímico :)

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